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Archive for abril \28\-03:00 2010

Tesouros de arte da Etruria, de Pompéia e Herculano e da Magna Grécia

Autor: Riccardo Fontana

cientista político e ensaísta histórico (Universidade de Roma- 1970) residente em Brasília-DF;  e.mail: riccardo.fontana@hotmail. com

Monografia elaborada em outubro de 2013 após visita ao MNRJ

Parágrafos:

  1. A Cidade etrusca de Veios.
  2. As atividades arqueológicas de Maria Cristina Bourbon, Rainha de Sardenha e da sua sobrinha Teresa Cristina, Imperatriz do Brasil.
  3. Os achados etruscos de Veios, romanos de Pompéia e Herculano e gregos da Campânia, Lucânia e Apúlia: de Nápoles ao Rio de Janeiro.
  4. Reflexos da mudança de regime em Nápoles e no Rio de Janeiro sobre o destino do acervo arqueológico.

  1. A Cidade Etrusca de Veios

Veios (em latim, Veii ou Veius, em italiano, Veio) era populada já no séc. IX a.C. e antes, na época do bronze; os etruscos, procedentes da península anatólica, ocuparam aquela região do sul da Etruria e centro do Lácio e edificaram sua rica capital no séc. VIII a.C. tornando-a a mais próxima à Roma do que as outras cidades-estado da confederação etrusca (a 15 km. da hodierna capital italiana).

Seu nome vem de Vei ou seja, a deusa etrusca da agricultura, tendo sido muito próspera em produção agrícola e agropecuária, dispondo de eficiente rede hídrica para irrigação, captada em galerias subterrâneas dos rios das suas planíces, enquanto controlava a beira ocidental do rio Tibre (ripa veiente), em contínuo atrito com Roma desde os tempos de Rômulo, o seu mitico fundador no sec. eVIII a.C.

Roma nasceu em 753 a.C. segundo Tito Livio (Annales ad Urbe condita) e foi dominada pelos etruscos em termos políticos, tecnológicos e culturais em todo seu período monárquico até 509 a.C. Seu nome viria da esposa de Eneas, fugido do incêndio de Tróia, ou da palavra etrusca Rumon que significa Rio, fazendo referência ao futuro rio Tibre.

Por quatro séculos, Veios lutou contra Roma tendo ocorrido quatorze guerras em dois séculos, para o controle dos campos, dos rios e das salinas na foz do Tibre e para o domínio estratégico do território do Lácio central. Depois, foi arrasada em 396 a. C. pelo cônsul romano Fúrio Camilo, após dez anos de assédio, ficando ainda hoje visíveis seus muros colossais com pedras vulcânicas quadradas.

Muros etruscos da antiga Veios.

Majestosos foram os seus templos e refinada foi a sua arte e arquitetura, tanto que ficou famosa pela estátua de terracotta policroma do deus Apolo esculpida por Vulca, o único nome conhecido de artista no mundo etrusco. Esta magnífica estátua, que cativa pelo sorriso enigmático e pela beleza plástica, está conservada no Museu Nacional Etrusco  de Villa Giulia, em Roma, sendo este o maior e mais importante dos museus etruscos italianos. A obra é do final do VI sec. a.C., foi achada em 1916 e restaurada em 2004 (veja as imagens).

Apolo de Veios: Museu Etrusco de Villa Giulia em Roma.

Em 2006, foi descoberta numa necrópole dos arredores de Veios, a tumba chamada dos Marecos e dos Leões do início do séc. VIII, sendo mais antiga do que a tumba dos Leopardos, em Tarquinia e considerada a mais antiga do Mediterrâneo (veja imagens das pinturas e vista de uma galeria subterrânea para adução hídrica).

 As escavações em Veios começaram após alguns achados no séc. XVI e continuaram com Luca Holstenio e Famiano Cardini no inicio do séc. XVII que realizaram reconhecimentos no seu território. Nos meados do séc. XVII, as pesquisas seguiram com o cardeal Flavio Chigi e os materiais votivos anatômicos encontrados foram transferidos primeiramente para as coleções da familia Medici e depois ao Museu Etrusco de Florença.

As atividades arqueológicas retomaram na época napoleônica e seguiram no séc. XIX  graças à Secondiano Campanari, Luigi Canina, ao Marques Campana e aos Chigi. As atividades continuaram no final do séc. XIX e no séc. XX e ainda hoje calcula-se que apenas a metade da antiga cidade etrusca e das suas tumbas foram descobertas.

  1. As atividades arqueológicas de Maria Cristina Bourbon, Rainha de Sardenha e da sua sobrinha Teresa Cristina, Imperatriz do Brasil.

Mas, é preciso enfatizar que as primeiras escavaçõas sistemáticas nas necrópoles de Veio foram aquelas realizadas na parte norte da cidade, entre 1839 e 1842, por conta da Rainha de Sardenha, esposa do rei piemontês, também seu primo, Carlo Felice de Savoia em Turim, Maria Cristina Bourbon, nobre napolitana e tia de Teresa Cristina (ver retrato).

Retrato da Rainha Maria Cristina Bourbon-Savoia (Caserta 1799- Savona 1849)

 Vale ressaltar ainda que a partir da conquista romana e na época medieval, o núcleo urbano perto da antiga cidade etrusca de Veios se identificou pela Insula Veiente, depois chamada Isola Farnese (propriedade do nobre romano Alessandro Farnese, depois eleito Papa pelo nome de Paulo III). O castelo homônimo com suas dependências territoriais passou por diversas mãos até em 1820 ser adquirido pela princesa Marianna de Savoia, duquesa de Chablaise. Possessões estas em seguida passadas por herança após sua morte, em 1824, à princesa Maria Cristina, depois rainha da Sardenha (Piemonte).

Esta, por sua  vez, transferiu as propriedades de Isola Farnese e Vaccareccia nos arredores de Veio, à Teresa Cristina, ambas com suas necrópoles etruscas nas  imediações rurais.

A tia de Teresa Cristina, a rainha Maria Cristina Bourbon-Savoia, sem filhos e viuva, dedicou-se às belas artes e antiguidades confiando os trabalhos arqueológicos ao arquiteto e arqueólogo Luigi Canina. Este realizou entre 1839 e 1840, por sua ordem e com seus financiamentos, as escavações em Tuscolo, antiga cidade latino-etrusca, na Villa Tuscolana dita La Ruffinella perto de Frascati, nos castelos romanos.

Estas atividades, perto de Roma, foram  fruto de seus investimentos culturais e financeiros e foram acompanhadas pessoalmente pela própria rainha Maria Cristina. As atividades foram concedidas pelo Papa Gregório XVI de 1825 até 1839.

A mesma rainha Maria Cristina, fortemente apaixonada por artes antigas e arquelogia, organizou e financiou depois o desenvolvimento de escavações em toda a área urbana de Veio onde estavam localizadas as propriedades da sua família.

Após a sua morte, em 1849, sua sobrinha Teresa Cristina, princesa das Duas Sicilias e já no Brasil como Imperatriz, herdou não somente em termos jurídicos e materiais as antigas propriedades dela no Lácio, mas essencialmente o amor, o entusiasmo e a dedicação dela dando prossecução àquelas ativades arqueológicas. Em 1853, ela transferiu ao então Museu Imperial do Rio de Janeiro, hoje Museu Nacional, algumas cerâmicas e estatuetas de origem etrusca veiente e romana-campana que ainda hoje precisam ser melhor estudadas e catalogadas.

Entre estas, resultam, segundo análise feita, entre 1973 e 1977, pela professora de arqueologia clássica e então diretora do Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade de São Paulo (USP), a brasileira de origem armena Haiganuch Sarian, 4 cerâmicas etruscas para empaste (para  conservação e cozimento de alimentos sendo apresentadas como brazeiros), 49 vasos de bucchero (pretos por cozimento em forno sem oxigênio) e 6 vasos pintados, totalizando 59 peças.

Segundo o Museu Nacional do Rio de Janeiro, somente 20 daquelas peças são ilustradas e documentadas. Estão disponíveis também alguns vasos de bucchero com verniz preto, 19 cerâmicas decoradas sem imagens de origem etrusca-lacial e etrusca-campana e 16 cabecinhas votivas de origem etrusca-itálica por um total de 94 peças. Existem também 34 estatuetas em terracotta genericamente definidas de origem itálica. Outras peças ficam custodiadas no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e no Museu Imperial de Petrópolis.

  1. Os achados etruscos de Veios, romanos de Pompéia e Herculano e gregos da Campânia, Lucânia e Apúlia: de Nápoles ao Rio de janeiro.

Estes objetos etruscos procedentes de Veios foram transferidos ao Brasil junto a várias outras peças romanas, gregas, gregas-etruscas, etruscas-campanas, gregas pestanas (de Paestum), lucanas e apulas, interessando varias regiões do Centro e sobretudo do Sul da Itália, remontando do séc. VII a.C. ao séc. III d.C.

Os achados são oriundos, na grande maioria, do Real Museu Bourbônico de Nápoles (ativo entre 1777 e 1859) depois denominado Museu Nacional  entre 1860 e 1957 e, desde 1958, Museu Arqueológico Nacional de Nápoles (MANN), um dos maiores na Itália e na Europa quanto a arte romana.  O Museu Bourbônico, por sua vez tinha incorporado os objetos da Coleção da rainha Carolina Bonaparte-Murat  (1808-1815) no acervo anteriormente chamado “Museo dei Vecchi Studi” (1816-1830).

No estudo realizado pela prof.a H. Sarian da Universidade de São Paulo em 1977, estão citadas as fontes sobre as antecedentes investigações tecnicas-cientificas que dizem respeito as peças do Museu Nacional: Gerhard Panofka em 1828, sobre a coleção Carolina Murat; G. Fiorelle entre 1878-1880 sobre a Coleção Murat e da familia Borbone-Farnese com inventario das peças das duas coleções que foram transferidas em 1816 ao “Museo dei Vecchi Studi”.

Em 1912 um artigo de V. Macchiaro, basedo nas informaçaões do Arquivo do Museu de Nápoles, reconhece que uma grande cratera grega-lucana considerada perdida, já pertencente a rainha Carolina Murat, estava de fato na Coleção Teresa Cristina no Rio de Janeiro.

Em 1958 temos uma consistente abordagem critica a Coleção graças ao prof. H.R.W Smith da Universidade de Berkeley inclsive com artigos publicados em revistas de arqueologia em 1960 e 1962.  Temos ainda em 1967 um estudo do especialista em ceramicas italiotas, A.D. Trendall da Universidade de Oxford.

O melhor compendio sistematico das peças mais importantes, porém, não exaustivo do inteiro acervo, fica ainda o da arqueologa H. Sarian; este ressalta pela competencia e validade tecnica mas precisa ser integrado pelo exame dos objetos ainda não expostos; o que requer ulterior esforço interno e, talvez, maior empenho de cooperação internacional pelo MNRJ, especialmente com instituições e especialistas italianos.

Nos anos sucessivos tivemos varias comemorações em homenagem à Imperatriz  (1995-96 e 1987-98) com exposição de alguams peças mas, ainda não houve  um estudo completo sobre todos os objetos nem foram concluidas as tratativas a nivel internacional para restauração e musealização.

Portanto, a transferência de significativos objetos da arte grega, etrusca e romana (ceramicas, bronzes, terracotas, lamparinas, vidros, marmores, alabastros, marfim e pinturas murais) foi realizada  sem duvida por vontade da Imperatriz, no intuito de lançar uma ponte e um intercâmbio entre as grandes civilizações clássicas mediterrâneas e a fascinante cultura indígena do Brasil; país que precisava de consolidar sua soberania e consciência nacional favorecendo trocas internacionais.

Inicialmente, foram doaçõas do Reino das Duas Sicilias ao Império do Brasil e depois, operações de exportação do Reino da Itália; estas foram realizadas pelo empenho do arqueólogo Rodolfo Lanciani e de Francesco Vespignani, respectivamente, administrador dos bens e procurador da Imperatriz na Itália.

 

A seguir, algumas peças gregas e uma etrusca procedentes respetivamente da Lucânia, Etruria e Campânia, oriundas do Real Museu Bourbônico de Nápoles  (Imagens do Museu Nacional do Rio de Janeiro). 

 

              Cratera grega-lucana 360-320 a.C.                                    Cratera etrusca sec. IV a.C.

             Estatueta greca de Koré sec. V a.C.                         Enokoé grega-corintia VI sec. a.C.

Retratos da  Princesa Teresa Cristina, antes do casamento e em 1876, sendo Imperatriz.          Seu papel de arqueóloga:      

Teresa Cristina, princesa das Duas Sicilias e Imperatriz do Brasil (Nápoles 1822- Cidade do Porto 1889) veio ao Rio de Janeiro em 1843 casada por via diplomática com Dom Pedro II, levando em dote 13 ânforas romanas de bronze (delas, sobrou só uma) junto a dois milhões de francos.  Tinham também nove utensilios em bronze procedentes de Herculano e Pompéia que foram descritos e desenhados por Thomas Ewbank em 1846. Para ela valiam mais as ânforas do que o dinheiro. Ela trazia peças oriundas da coleção da rainha Carolina Murat, esposa do rei de Nápoles Joaquim Murat, irmã de Napoleão Bonaparte, além de peças procedentes de Pompéia e Herculano resultado das escavações de sua família desde o século anterior e que seu irmão Ferdinando II Bourbon fez prosseguir em ambos os sítios arquelógicos, satisfazendo depois o pedido da Imparatriz de enviar outros achados ao Brasil.

Após as operações arqueológicas em Veios de 1853, seguiram aquelas de 1878 e de 1889, estas ultimas interrompidas por controversias legais (um belíssimo busto de Antinoo casualmente achado naquele ano está conservado no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro). Os objetos encontrados na primeira campanha, em 1853, foram fruto de concessão papal, encontrando-se então aquelas localidades do Lácio dentro do Estado Pontificio.

Já os achados sucessivos dependiam de concessões do Reino da Itália, tendo sido aqueles territórios incorporados no novo Reino desde 1861 (capital Turim), após a expedição de Garibaldi em 1860, e com a mudança em 1870 para Roma, que se tornou nova e definitiva capital italiana, ficando ao Papa somente a cidade do Vaticano.

Para os materiais escavados na campanha de 1889, a Imperatriz aderiu ao pedido de Luigi Pigorini de enviá-los ao Museu Pré-Histórico e Etnográfico de Roma.

  1. Reflexos da mudança de regime em Nápoles e no Rio de Janeiro sobre o destino do acervo arqueológico.

O golpe militar que derrubou impediosamente a monarquia brasileira em 15 de novembro de 1889, com grande decepção,  dor e consequente morte da própria Imperatriz, criou uma série de divergências sobre a posse de alguns achados e peças de coleções juntos aos seus herdeiros. Estas peças foram repatriadas à Itália, tendo sido consideradas exportação ilegal.

O novo regime republicano, por reação política, não respeitou o acervo do então Museu Imperial causando-lhe provavelmente danos em termos de dispersão, má conservação e duvidosa restauração, tanto que em muitas peças aparecem dois ou três números de inventário, sendo o primeiro napolitano (1843-1860) ou italiano (1860-1889) e ou outro brasileiro (antes e depois de 1889). Portanto, as mudanças de regime seja em Nápoles em 1860, seja no Rio de Janeiro em 1889, tiveram efeitos sobre a transferência, catalogação e gestão do inteiro acervo.

Algumas peças foram doadas ao Estado italiano e estão conservados no Museu Nacional Romano, no Museu Pigorini, no Museu Etrusco de Villa Giulia e no Museu Civico de Modena. Outros objetos foram espalhados no mercado antiquário e ilegalmente adquiridos pelo Museu Louvre de Paris.

O maior acervo clássico da América Latina contém  atualmente 772 peças (talvez fossem mais desde o sec. XIX), sendo 20%  expostas e 80% ainda a serem estudadas, restauradas e expostas; é especialmente integrado por objetos de arte romana e grega trazidos em 1843, sendo a maior parte em 1853 e 1859, até 1889. Este patrimonio artistico fica conservado no Rio de Janeiro segundo a vontade da própria Imperatriz e por determinação de seu esposo, o Imperador Dom Pedro II, que quiz reconhecer o extraordinário papel cultural dela denominando-o, em sua homenagem, “Coleção Teresa Cristina”.

Ele o doou legalmente ao Estado brasileiro enquanto, mesmo em período republicano, foi dedicado a ela o nome da cidade de Teresopolis, perto de Petrópolis, ambas na zona serrana ao norte do Rio de Janeiro, juntando assim para a posteridade os nomes dos últimos protagonistas da monarquia brasileira.

Ainda em homenagem à Imperatriz Teresa Cristina Maria, a capital do Piauí foi chamada Teresina; no Maranhão foi creado o municipio de Imperatriz; em Sergipe, o de Cristináplis; em Minas Gerais o de Cristina e em Santa Catarina o de Santo Amaro da Imperatriz.

                                                                               Riccardo Fontana, ensaísta histórico

Monografia inicial focada sobre a arte etrusca. Revista sucessivamente até 11/10/2103, após visita ao MNRJ em 02/09/13, com analise das peças gregas e romanas de varias origens. Autorização do MNRJ concedida aos 11/12/2013, a publicar para fins didaticos e culturais, as imagens tiradas naquela visita.

Fachada do Museu Nacional no Rio de Janeiro

Fontes principais:

– Aniello Angelo Avella (professor de História dos Países de Lingua Portuguesa na Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Roma Tor Vergata): “Una Napoletana Imperatrice ai Tropici  – Teresa Cristina di Borbone sul trono del Brasile 1843-1889”  Edizioni Exorma – Roma (2012);

– Lanfranco Cordischi (arqueologo do Ministerio italiano dos Bens Culturais): “Le attività archeologiche in Italia di Teresa Cristina Maria, imperatrice del Brasile” – palestra no Instituto Italo-Latino Americano (IILA) Roma, (2000); idem: – palestra: “A Imperatriz arqueóloga” no Istituto Italiano de Cultura no Rio de Janeiro (2002);

– Rioecultura: “Culturas do Mediterraneo – Coleção grego-romana da Imperatriz Teresa Cristina” (2007);

– Fondazione Il Giglio: “Teresa Cristina. Una principessa delle Due Sicilie in Brasile” (2011);

– Museo Nazionale Etrusco de Villa Giulia em Roma. Registros historicos das escavações.

-História de Veio e conflitos com Roma disponivel via internet com respectivas fontes literarias;

– Biografias das nobres napolitanas Maria Cristina e Teresa Cristina disponiveis via internet com respectivas fontes literarias.

– Haiganuch Sarian: “A Coleção de Peças Arqueológicas Clássicas do Museu Nacional do Rio de Janeiro” (1977) – Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo”.

Panoramica do Palácio do MANN construido em 1585

Entrada principal do Museu Arqueológico Nacional de Nápoles

Arte romana pompeiana no MANN

Vaso Azul em vidro cammeo                Fauno dançante                               Taças de prata

     Cena de banquete                                 As três Graças                                    Enéas ferido

              Peixes                     Gato pega a codorna;caça e pesca     Mosaico com cabeça de Medusa

           Cave canem                                            Saffo                                 Paquius Proculus e esposa

A batalha de Issus: Alexandre, com seu cavalo Bucéfalo, derrota Darío

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Tosi Colombina

Terminei nova edição sobre o cartografo e engenheiro militar italiano Tosi Colombina ativo no Brasil pombalino entre 1743 e 1756. Elaborou os mapas de 1749 sobre a nova Capitania de Goiás e de 1751 apresentando o Brasil inteiro tendo por epicentro Goiás. Sustentou pelo relevo geográfico e hidrográfico a ideia de interiorizar a capital colonial numa região correspondente a atual Brasília e fez projeto de estrada para carroças de Santos até Cuiabá via Vila Boa de Goiás. Dei entrevista a TV Cultura em dezembro de 2009, no ar em 20 de abril de 2010 e entrevista a Radio Câmara que saiu em 19/02/10 e ao Jornal da Comunidade que saiu em 17-24 de abril. Há boas perspectivas de patrocínio pela iniciativa privada para impressão desta nova edição do livro nos próximos meses. Sobre o tema estou disponível para palestras, aulas e monitoramento de teses universitárias como também para tradução de textos antigos e modernos da época em apreço.

A terceira edição foi impressa em outubro de 2011 pela Gráfica Starprint de Brasilia e foi apresentada com palestras, no Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e na Academia das Artes e Estudos do Planalto em Luziânia (GO). Contem novos comentários meus e de outros estudiosos em defesa do papel de Tosi Colombina pela primazia do seu mapeamento no Brasil central e nova iconografia  inclusive os seus desenhos urbanísticos de Goiás Velho (Vila Boa de Goiás).

Em setembro de 2016, recebi pedido de consulta e colaboração da Prof.ra Denise Moura da UNESP, para aprimoramento da analise do mapa de Tosi Colombina de 1756 intitulado “Mappa do Brasil desde S.Paulo até a embocadura do Rio Prata”. Este mapa, cujo original completo, segundo minhas sugestões, deve ser procurado no Arquivo Histórico do Ultramar em Lisboa, indicaria um projeto básico do referido cartografo militar italiano a serviço da corte portuguesa, para exploração geográfica de São Paulo até a Argentina e teria servido a este fim aos governadores daquela Capitania entre 1768-1773. Abre-se portanto novo tema de indagação cientifica e cultural para compreender melhor o papel dele na visão de um Brasil colonial mais uniforme, contribuindo inclusive na demarcação dos territórios do Sul ainda controvertidos entre Espanha e Portugal.

Em 2010 ( veja site 2) e 2014 (veja site 3) o meu trabalho recebeu algumas  criticas que, como sempre acontece, são negativas e positivas: a primeira diz respeito ao fato de que Tosi Colombina haveria “copiado” ou rebebido um mapa da Capitania de Goias elaborada em 1750 pelo português Ângelo dos Santos Cardoso, secretario do neo governador Conde dos Arcos, que foi aluno do próprio Colombina em Lisboa; fato este de qualquer forma consueto entre colaboradores da coroa que tinham bom relacionamento entre si e despachavam com e Dom José I; não constava de fato rivalidade entre os dois. Mais honesto seria falar de troca de informações técnicas e experiencias entre cartógrafos, sendo um credenciado (Tosi Colombina) e outro colaborador administrativo; nesta forma, ficaria ao Colombina o esboço da Capitania de 1749 (que pode ter servido de base para o mapa do outro), sendo o primeiro mapa oficial da nova Capitania aquele atribuído ao referido Cardoso. A  “descoberta” do primeiro mapa de Goiás seria portanto um fato técnico-administrativo sem prejudicar a estrategia politica de exploração do Planalto Central do Brasil confiada a Tosi Colombina com pleno aval de Pombal e Dom José I. Fica portanto intangível o papel do cartografo italiano oriundo da Republica de Gênova, nas explorações do Centro Oeste e Sul  da colonia e a validade cartográfica do mapa dele de 1751 como conjunção entre as bacias fluviais e os caminhos terrestres entre o norte-centro- oeste e sul do Brasil.

Nunca ouvimos falar do referido Ângelo dos Santos Cardoso, nem dos nossos amigos estudiosos goianos, como cartografo de Goiás, enquanto o relatório da Missão Luis Cruls de 1894 reportava claramente o nome de Tosi Colombina como pioneiro das explorações do Centro-Oeste e como descobridor das Águas Emendadas (Encontro dos três sistemas hidrográficos)  a km. 50 da atual Brasilia, tido como ponto referencial para aceitar a mudança e interiorização da capital do país desde aquela época colonial..

A segunda, diz respeito a algumas falhas descritivas ou defeitos de fontes e de conexões históricas  recusando a posição de excessiva defesa do papel de Colombina dentro de um espirito “etnocêntrico”. Está de fato que todas as minhas pesquisas e produção literária visam o resgate de eminentes personagens italianos na historia do Brasil sob a logo marca “Italianos no Brasil”. Trabalho este muito complicado, longe dos maiores centros culturais do país e do mundo, mas, que foi reconhecido durante as minhas palestras e com patrocínio e prefacio dos meus livros porte de altas autoridades brasileiras, o que muito me honra.Inclusive, duas minhas obras, sobre os engenheiros militares italianos Galluzzi, Sabuceti e o arquiteto Landi e sobre o cientista e professor militar Napione, patrono da industria bélica do Exercito Brasileiro, foram editadas pelo Senado Federal. De fato, a I edição do minha obra teve a aprovação e patrocínio do Governo do Distrito Federal e valeu a condecoração ao Mérito Cultural em 2006.  A obra foi bem recebida no IHG-DF onde foi lançada com varias palestras.

Mesmo aceitando as anotações de falhas de fontes (estas são raríssimas e quase todas em Lisboa) é preciso ressaltar que o foco da pesquisa (2003-4) foi o período de Colombina no Brasil e não o dele em Lisboa. Não pode ser desprezado o intuito lucido e honesto de revirar águas estagnadas ha seculos sobre Tosi Colombina: objetivo este bem alcançado com tantos pesquisadores e distintos docentes que leram a I edição (veja os site 1 e 4) e a citaram com propriedade naos seus congressos permitindo o acesso a novas informações e interpretações que apareceram até hoje, sem precisar de minimizar o papel do cartografo genovês, bem convidado e bem pago pela coroa portuguesa tendo trabalhado pelo menos 13 anos no Brasil.

Portanto, o meu ensaio, inclusive a III edição atualizada elaborada em 2011, fica como boa referencia para os estudos em curso sobre o cartografo que, como verificamos agora, foi professor de geografia no final de 1720 em Lisboa e na escola militar do Rio de Janeiro em 1740. O papel dele continua valido especialmente juntos aos estudiosos goianos que o consideram seu patrono e pioneiro do desbravamento do Centro-Oeste conforme consta da referida Missão Cruls institucionalizada pelo Imperador Dom Pedro II ao fim de delimitar o famoso quadrilátero onde seria construída a futura capital do país. Colombina foi implícito e logico apoiador (mas, como reconheço, não ha documentos probatórios, sendo que um bom mapa fala mais dos textos escritos) da ideia pombalina que surgiu logo em 1751 após o Mapa de Colombina, de interiorizar a capital seja esta Salvador e depois Rio de Janeiro.

Agradeço algumas criticas construtivas e o elogios aos pontos positivos do meu trabalho mesmo faltando espirito ético-profissional e visão cultural de maior respiro por parte de limitados jornalistas ou técnicos,  enquanto fico orgulhoso do meu esforço para abrir novos caminhos ao conhecimento da historia e da geografia do Brasil.

Sites de referencia:

1) https://pt.wikipedia.org/wiki/Francesco_Tosi_Colombina

2) http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=artigos&id=128

3) http://doc.brazilia.jor.br/Bibliografia/Francesco-Tosi-Colombina-livro-Riccardo-Fontana.shtml

4) https://www.estantevirtual.com.br/b/riccardo-fontana/francesco-tosi-colombina/529142116

Em 20 de abril de 2017 dei entrevista na TV Gênesis Canal 16 sobre a presença de eminentes italianos na historia do Brasil colonia e especialmente sobre o papel de Tosi Colombina quanto ao suporte técnico para sustentar o projeto pombalino se mudar a capital para o interior. Falei sobre a evolução da ideia de interiorização da capital até a fundação de Brasilia em 21 de Abril de 1960 data escolhida também sendo a da fundação de Roma. Tratei finalmente da doação de uma coluna romana com loba capitolina pelo Governo italiano ao Governo brasileiro que hoje se encontra em frente ao palácio Buriti do governador do DF.

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